Novidades

Os desafios da terceira idade no mercado de trabalho

Uma série de pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o número de pessoas com mais de 65 anos, no Brasil, cresceu nos últimos anos. Entre 2012 e 2018, por exemplo, houve um aumento de 26% de idosos, que chegaram a representar 10,5% da população nacional em 2018. Dados como esses refletiram no mercado de trabalho.

Você já se perguntou por que os idosos estão procurando emprego? Com o rendimento baixo por meio da aposentadoria, o sentimento de solidão que, muitas vezes, acompanha a velhice e a falta de uma atividade fixa tem feito esse público ocupar seu tempo, além do cuidado com os netos, mas com a necessidade de criar novos vínculos. Envelhecer deixou de ser sinônimo de repouso, mesmo que a terceira idade ainda enfrente resistências e dificuldades na hora da contratação nas empresas.

Segundo um estudo feito em 35 países desenvolvidos, a longevidade e a produtividade estão intimamente ligadas. A produtividade dos mais velhos é maior que entre os jovens, assim podemos entender que os idosos se tornam profissionais mais comprometidos, gerando maior produtividade para o negócio. Nove entre 10 organizações brasileiras acreditam que profissionais acima de 50 anos demonstram maior equilíbrio emocional se comparados aos de idade inferior, porém apenas 11% delas mantêm programas de contratação de pessoas maduras. É uma incoerência?!

Por que não contratar idosos?

         Conforme pesquisas do IBGE, um dos desafios que profissionais da terceira idade enfrentam é quanto à sua qualificação. Em muitas empresas há maior demanda para se atualizar, frente aos avanços tecnológicos, que exigem  habilidades nessa área. Além disso, outra pesquisa realizada pela Aging Free Fair em parceria com a FGV EAESP, que reuniu gestores de Recursos Humanos de mais de 140 empresas, concluiu que a grande maioria das empresas não está preparada para receber esses profissionais. Como consequência, a Great Place to Work Brasil de 2018 mostrou que o número de pessoas com mais de 50 anos e presentes nas 150 melhores empresas para se trabalhar, não chegou a 3% do total.

Números alarmantes? Qual a solução para isso?

As empresas precisam se adaptar a esses profissionais e saber adaptá-los em sua rotina, não somente porque, até 2040, deverão ser a metade da força de trabalho no país, mas porque essa contratação trará vários benefícios ao seu negócio. A experiência, o equilíbrio emocional e o tempo de mercado podem somar a seu favor, com a possibilidade de se tornarem eficientes mentores às novas gerações, oferecendo uma ótica diferenciada na resolução de problemas. Sim, pode existir choque de gerações no ambiente profissional! Porém, a maturidade também poderá contribuir na resolução de eventuais situações, inerentes a qualquer colaborador.

Além disso, profissionais dessa faixa etária são caracterizados como mais tolerantes, cuidadosos, responsáveis, educados, atenciosos, éticos. Características consideradas como principais motivos para que as empresas estejam começando a contratar mais idosos. Se os compararmos à chamada Geração Z - uma galera que busca mudanças e renovações constantes - também reflete nos altos índices  de rotatividade registrados em muitas empresas, o que prejudica na entrega de resultados e no tempo despendido com processos de recrutamento e seleção. Por isso, podemos dizer que o comprometimento e a fidelidade dos idosos causam uma diminuição de turnover e absenteísmo, condicionando em maior economia para o contratante.

Um mundo de conexões

         Se a Internet já foi a grande vilã na vida dos idosos, hoje a história é bem diferente. Os mais velhos testemunharam o surgimento da Internet e a popularização da tecnologia, portanto, têm mais experiência em utilizá-la. Ainda de acordo com o estudo realizado em 35 países desenvolvidos, o YouTube aparece como a plataforma preferida para pessoas de 45 a 55 anos. A facilidade maior em usar a tecnologia representa uma oportunidade importante para gerar conexões entre os mais jovens e os mais velhos.

Idosos no Brasil

Em 2019, segundo o IBGE, o Brasil tinha mais de 29 milhões de pessoas idosas e a expectativa é de que esse número ultrapasse os 73 milhões, em 2060. Imagino que você tenha se perguntado: mas o que influencia esse aumento do número de idosos?

A Organização Mundial da Saúde é a responsável por estabelecer a idade mínima em que uma pessoa se torna idosa. De acordo com a OMS, é considerado idoso aquele a partir dos 60 anos de idade. Mas, essa avaliação leva em conta somente o envelhecimento fisiológico, e não a capacidade da pessoa ser socialmente ou intelectualmente ativa. Trata-se de uma definição extremamente importante, pois é a partir dela que um país consegue analisar questões como a expectativa de vida de sua população e como melhorá-la.

O aumento da expectativa de vida pode ser influenciado por diversos fatores. Dentre eles, os avanços na área da saúde são os principais, uma vez que eles influenciam as taxas de fertilidade e de mortalidade. No Brasil, tais avanços fizeram com que a expectativa de vida chegasse a 76,3 anos em 2018, um aumento de três meses e quatro dias em relação ao ano de 2017, conforme o IBGE. A estimativa vem crescendo no país desde 1940, quando a expectativa era de apenas 45,5 anos.

Por mais que seja apenas um começo e que ainda tenhamos muito a conhecer e fazer em relação aos preconceitos contra o idoso no mercado de trabalho, há uma carência de políticas públicas para preparar a população que envelhece e vai passar por esse novo cenário. Os desafios da terceira idade, nas empresas, não são diferentes a outras dificuldades que envolvem o envelhecimento: saúde, família, insegurança e tantos outros. Cabe a cada um fazer a sua parte para mudar a realidade do país, lembrando que uma das únicas certezas que temos é de que, em algum momento de nossas vidas, seremos velhos. Mas que possamos ser mais felizes e realizados!

Fontes: Portal do Envelhecimento e Site Pontotel